sábado, 28 de junho de 2008

Pequenas Epifanias


Olhou o pôr-do-sol e um sorriso escapou de seus lábios. Aquele final de tarde tranqüilo era algo que não tinha há muito tempo. A vida atribulada, aqueles milhares de compromissos sobrepondo-se uns aos outros faziam com que ela esquecesse das pequenas felicidades da vida... Sentou-se em um banquinho na praça sem tirar os olhos do céu alaranjado, a voz baixa falando somente para o seu eu interior:

- "Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,

que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."

Suspirou. Nem sabia porque tinha lembrado deste poema, mas ele era uma lição de vida. Para qualquer vida. As pequenas felicidades são as principais responsáveis por momentos como este, um pôr-do-sol belo em meio à correria de uma grande cidade. Esta "lupa emocional" - e o pensamento desta expressão nova lhe fez rir das suas próprias metáforas - é essencial, concluiu. Que venham as pequenas felicidades, os finais de dia alaranjados, banhos de chuva, chocolates em momentos de stress, risadas, sonos, beijos, livros, músicas... Todas elas fazendo com que a felicidade completa exista na vida.

O tempo passou, a idéia na sua cabeça rodando, fincando raízes... Naquele momento sentiu-se descobrindo o segredo da vida, da sua vida. Aos poucos o sol foi desaparecendo do céu, a escuridão tomando a praça... Levantou, sorriu para a lua que acabara de chegar e continuou seu caminho. Sua conversa com a noite seria outro dia, hoje ela era somente sol.