sexta-feira, 2 de maio de 2008

Mulher- borboleta


Nada acontece por acaso. No dia que minha mãe me teve e me concedeu esse nome - Vanessa - não estava pensando no significado, só que era bonito, começava com V como o nome do meu pai, e na modelo da época que tem esse nome. Hoje em dia, eu vejo que não foi só isso:

"Vanessa Atalanta
É uma borboleta migratória que na Primavera voa da bacia mediterrânea para o Norte e Centro da Europa onde desenvolve uma a duas gerações. Regressam no Outono ao Sul, mas a maioria morre com o frio antes de lá chegar.

É uma das poucas borboletas capaz de voar com o tempo encoberto, e até mesmo na chuva.
Hiberna como borboleta. "


É... Uma borboleta. Eu sou um gênero de borboletas. Talvez muita gente diga que é forçar barra, mas isso de uma maneira ou outra sempre fez parte de mim, antes mesmo que eu descobrisse. Assim como a borboleta, eu já fui uma lagarta. Sem personalidade, só me arrastando e deixada de lado. Fui assim por muito tempo.

Um dia, entrei em um casulo. Esse envoltório era um organismo vivo, não só uma casca. Do casulo, a borboleta ganha suas asas e a chance de mostrar tudo que tinha guardado dentro de si para o mundo exterior. Como a Atalanta, eu ganhei minhas asas, bons fluidos, energia, aprendizado... Cada pequena coisa dava mais vivacidade às minhas asas coloridas.


Quando o casulo cumpriu a sua missão, se abriu e me deixou sair. Eu não queria sair, encolhi minhas asas ao máximo tentando mostrar não estar pronta mas quando é a hora, nada pode impedir. Nem eu mesma posso. Abri minhas asas e fiquei ainda um tempo contemplando a beleza delas. Em cada manchinha colorida, eu sorria e via uma parte da minha história washed in black and tattooed everything. Haviam outras histórias nas minhas asas mas essas manchas eram as maiores, mais bonitas.

Fechei os olhos e bati as asas pela primeira vez. Era doloroso, pois estavam sendo usadas pela primeira vez, mas crescer dói. Aliás, não dizem que viver dói? Eu comprovei que é verdade, mas a dor no fundo esconde uma pontinha de prazer... Voei. Olhei pra trás e o casulo tinha sumido, talvez absorvido pela natureza para reaparecer quando estivesse bonito e completo de novo, ou transformado em alguma outra vida.

A metamorfose, visualmente, parece que acabou... Mas por dentro ela nunca pára. A agora delicada borboleta por dentro tem muralhas mais fortes que aço, é guerreira e como a Atalanta suporta o frio mesmo que tenha que hibernar de vez em quando. A delicada borboleta é mais forte que parece. Muito mais.

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