domingo, 25 de dezembro de 2011



Depois de muito tempo, escrevo.
Queria que você não se incomodasse com a ferrugem das minhas palavras: faz tempo que não são usadas, não assim. Elas passaram muito tempo sendo atiradas pela minha boca sem preocupação, de maneira descuidada. Eu tinha pressa de viver. Muita coisa mudou e eu só queria correr e falar o máximo que eu podia, aproveitar cada segundo.
Acho que eu esqueci de mim. Você lembra?
Não sei onde eu estou, acho que me guardei em alguma gaveta e não lembro exatamente qual. Acho que não sabia o quanto eu devia me cuidar, afinal para correr era necessário carregar o mínimo de peso possível.
Você acha que eu posso estar debaixo na cama? Ou naquela porta mais alta do armário?
Se você me achar, me avisa. Tô precisando muito de mim. Quero me vestir, orgulhosa, e sair comigo na rua pra que todos possam ver. Tem gente que ainda não me conhece. Eu sempre conto como sou, mas algumas pessoas não acreditam que eu exista. Vestem-me com outras personalidades que julgam servir em mim...E bem, só a gente sabe o que serve na gente, não é? Eu me prefiro.
...
É, definitivamente eu sinto falta de me sentir. Estou muito sem graça assim, sem mim. Não quero mais correr. Vou procurar no sótão, lá é onde ficam as maiores preciosidades. Quando eu me achar, eu te aviso. Eu sei que você vai querer ver como eu estou.

terça-feira, 13 de setembro de 2011


"O que você está fazendo? Nada. Estou deixando a vida chover sobre mim."
(Rahel Varnhagen)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O valor do silêncio



Eu confesso: liguei esse computador, abri a internet e por sua vez o blog por pura revolta. Há alguns minutos atrás eu estava em uma batalha... Sim! Uma batalha com o mundo. E ele dessa vez foi vencedor! Mas vamos aos fatos:

Ler é um dos maiores prazeres da vida, na minha opinião. Pra mim é um prazer maior que o de escrever, inclusive. Escrever, na minha vida, é um ato de expurgação de demônios interiores. É como uma necessidade vital, como comer, beber água ou urinar. Já ler... Ah! Ler é o meu ato de adquirir... E a frase termina aí! Além de ser grande parte do meu trabalho, ler (quando o livro é bom) me dá um tesão na vida indescritível! Lembro de uma frase da Clarice agora (engraçado lembrar logo da Clarice, mas isso eu só vou explicar adiante) que define bem o que é pra mim estar lendo um bom livro: "Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante" . É como um bom amante mesmo, que te desvenda a alma e te faz a mais feliz das criaturas a cada noite em que vocês se relacionam. É vida, é tesão, é maravilhoso!

Mas vamos voltar à batalha com o mundo?

De um lado eu e meu amante... Ok, eu e meu livro - Água Viva, da Clarice (É, eu começo a estudar nas férias!) com o nosso tesão de nos descobrirmos.

Do outro, o mundo, com o rádio do meu pai ligado, o som do meu vizinho tocando música cubana, os carros passando, as crianças do colégio aqui da rua berrando na hora do recreio, a máquina de lavar do vizinho, as marteladas, vozes, e mais seiláoquê!

Alguém me diz como me livrar de isso tudo? O mundo anda tão caótico hoje em dia que não há mais a possibilidade de se ter o meu tão amado silêncio. Pra que eu consiga isso eu tenho que "rebolar" muito - achar um lugar deserto, uma praia deserta... Ou pedir pro mundo parar, descer dele e ler flutuando no espaço (nossa... que delícia seria!). Às vezes eu queria que aquela corneta paralisadora do Chapollin (Ou do Toicinho, pros Raros que sabem quem é o Toicinho rs) pra parar tudo ao meu redor, ler tudo, pensar tudo, dormir tudo, relaxar tudo o tempo que eu quisesse... E depois deixar o mundo continuar a fluir de onde parou.

Amanhã é o round 2. Vou trocar o cenário da luta e tentar ir pro Parque das Ruínas ler... Que vença o melhor!!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

E depois da Yôga...


... Eu me sinto assim...


Deitada num campo de lavanda!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Sobre o que virá



Eu vivi MUITO em 2008. Passei por todos os caminhos que quis, caí, levantei, dan-cei em cima de cada problema fazendo dele meu degrau pra ser mais feliz ainda. E sou! Mas em 2009 eu quero mais. Muito mais! Viajar mais, rir mais, ver mais os meus amigos, passar menos apuros na faculdade, ficar mais bonita ainda... Quero paz em meio ao caos!

Em 2008, ganhei amigos & amigos & amigos & amigos... Quando eu mais precisava deles! Cada ação teve seu desencadeamento perfeito mesmo que no início parecesse um problema. Se eu não conhecesse um, não conhecia os outros... Se eu não me aproximasse de um outro, não me aproximaria dos outros quando esse um outro fosse embora... Perfeito! Cada uma dessas pessoas me doou algo bom de si e me fez aprender um pouco mais sobre a vida, obrigada a tios, fadas, palhaços, bixcoitos, friends... Família!

Hoje não consigo ser poética, é só mais um agradecimento dentre os tantos que eu fiz a cada um de vocês durante o ano e vou continuar fazendo no que se segue.

Que venha 2009... Let the seasons begin!!!!!!!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sobre a felicidade dos tempos atuais



Eu pensei, pensei mesmo, em já fazer um saldo do ano aqui. Mas ainda é muito cedo, não é? Um mês de 2008 ainda pela frente e, acredite, uma vida é transformada em um mês. Melhor esperar. Mas enquanto isso acho que caem muito bem certas divagações do momento... Li uma frase de alguém no orkut hoje que me fez rir muito. Até aí tudo bem, mas a coisa é que nem era uma frase que devia me fazer rir... Mas fez. Rir de chorar. Só a simples menção me faz rir aqui de novo! Vai entender esse povo quente e letrista... Mas sigamos rumo a felicidade de maneira mais interessante e que não me faça parecer maluca:


A felicidade veio.
De-va-gar.
Quase como aquela sensação de frio na barriga antes de se fazer algo perigoso.
Devia abraçá-la?
Não, ela não vinha em forma humana, mas como uma brisa leve de fim de tarde na beira do mar que envolve e encanta o mais cansado dos corpos. Penetrou todos os poros, exalou um leve cheirinho gostoso de lavanda e ficou. Virou parte da alma, com o tempo sentiu-se tão parte dela que ousou fazê-lo vibrar com as mais pequenas coisas. Desde uma aprovação com a olhada no espelho até as mais belas horas com as mais bonitas companhias.

Quando já se sentia "em casa" dentro dela, a felicidade resolveu que solucionaria todos os seus problemas tolos de jovem preocupada com a vida.

Desatou nós e criou laços.

A diferença entre ambos é que nós são símbolo de opressão e laços a representação dos mais singelos e quistos sentimentos. Fez dela completa.

Em alguns momentos sentiu certa hesitação do seu corpo-habitat em mantê-la mas não se fez de rogada: agarrou-se às paredes de seu lar com tanta força que fundiu-se e tornou-se definitivamente dela. Fê-la rir de todas as suas mágoas, de todas as suas raivas, de todas as suas tolices. Colocou-a em contato com o âmago do seu ser para que ela percebesse que ninguém jamais poderia tê-la, a felicidade, como ela tinha.

Eram almas-gêmeas,
uma só,
pra sempre.

sábado, 23 de agosto de 2008

O poema preferido




Si el sueño fuera (como dicen)
una tregua, un puro reposo de la mente,
¿por qué, si te despiertan bruscamente,
sientes que te han robado una fortuna?

¿Por qué es tan triste madrugar? La hora
nos despoja de un don inconcebible,
tan íntimo que sólo es traducible
en un sopor que la vigilia dora

de sueños, que bien pueden ser reflejos
truncos de los tesoros de la sombra,
de un orbe intemporal que no se nombra

y que el día deforma en sus espejos.
¿Quién serás esta noche en el oscuro
sueño, del otro lado de su muro?

[El sueño , Jorge Luis Borges]



Este é o meu poema preferido faz muito tempo. Ele já esteve presente milhares de vezes no meu profile do orkut, nos meus blogs, nos meus nicks de msn... Na minha mente, no meu coração. Esse fato faz com que ele mereça um post, não é? Pois bem, aqui está.

Agora vem a pergunta de 1 milhão de dólares: porque ele?

Bueno, talvez a pergunta que o Borges faz me intrigue demais. ¿Quién serás esta noche en el oscuro sueño, del otro lado de su muro? Todas as noites, nos meus sombrios sonhos há uma transformação. Algo silencioso, velado, que faz com que na manhã seguinte eu acorde outra pessoa. Todo dia uma diferente. Não, eu não tenho múltipla personalidade, é apenas uma questão de... crescimento pessoal? Adaptação ao meio? Sobrevivência? Eu fico com todas as alternativas anteriores e ainda acrescento o fato de que ser a mesma pessoa pra sempre é chato demais, insuportável demais. Densidade me atrai. Não aquela triste, amarga, que te puxa pra um buraco... Aquela intensa e ao mesmo tempo leve, que faz com que tudo que se viva seja feito com paixão, visceralmente. "Põe quanto és no mínimo que fazes" (Ah, Fernando Pessoa!). E para isso tudo eu tenho que sempre cultivar a minha capacidade de sonhar... Sonhar com o que eu quero pra mim, com todas as coisas maravilhosas que eu tenho, com as que eu quero que as pessoas que eu amo tenham. Passar a noite num universo alternativo, deitada em um campo de lavanda pensando no que eu quero pra mim quando acordar, na pessoa que eu quero ser.

E é isso que importa.

"E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da menina
Ainda dança
Até o sol raiar
Até o sol raiar
Até dentro de você nascer
Nascer o que há"

[Marisa Monte]