sábado, 26 de abril de 2008

Sobre aquela foto nossa que não é nossa


Eu lembro do dia que ganhei essa foto. Olhei e não acreditei na perfeição. Cheguei a fuçar minha coleção de mais de 400 fotos pensando de onde diabos você tinha tirado material... Talvez fosse melhor não ver as partes separadas, somente curtir o todo. A gente ali, em nossas formas abstratas de ser no qual nos acostumamos a ver, tínhamos um olhar de promessa um para o outro. Promessas que seriam concretizadas nos meses seguintes, as únicas que podíamos fazer. As outras, aquelas veladas, nunca seriam feitas porque sabíamos que nunca seriam realizadas. A única maneira de abrir as portas da percepção é manter alguns termos de contrato, e é isso que fizemos. O racionalismo em meio à selvageria.

Não posso mentir, dói olhar esse olhar cúmplice dessa foto nossa que não é nossa. Lembro-me de poder correr em meio à floresta, de quebrar uma barreira a cada dia e gostar disso. Eu sinto falta da minha condição selvagem, descontrolada, errante. Ela ainda existe, mas não daquele jeito. Nunca mais será. Nunca se consegue uma epifania igual à anterior...E eu tive a melhor da minha vida.

Coloco essa foto na minha mais importante gaveta, e torço pra que um dia eu tenha uma foto nossa NOSSA. Talvez não com esse olhar, mas com o amor e carinho que você merece. E você merece mais que ninguém nesse mundo.

“Como um trem de carga
Contra a noite erma,
Velozmente erma,

E noite.”

1 comentário:

Anónimo disse...

Vocês se merecem...simplesmente isso.